Entre a raiz e a flor: o tempo e o espaço,
e qualquer coisa além:
a cor dos frutos, a seiva estuante,
as folhas imprecisas
e o ramo verde como um ser colaço.
Com o sol a pino há um súbito cansaço,
e o caule tomba sobre o solo de aço;
sobem formigas pelas hastes lisas,
descem insetos para o solo enxuto.
Então é necessário que as borrascas
venham cedo livrá-la da cobiça
que sobe e desce pelas suas cascas;
que entre raiz e flor há um breve traço:
o silêncio do lenho, ― quieta liça
entre a raiz e a flor, o tempo e o espaço.
Jorge de Lima
Poesia completa, org. Alexei Bueno.
RJ: Nova Fronteira, 2008, p.474
muito bomlegal
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